segunda-feira, 17 de junho de 2013

A Beleza é Efêmera


Eu te vi ontem!

Tu caminhavas em meio às flores em um bosque.

Uma flor em meio às flores;

Passos  largos, cabelos soltos.

 

Tinhas um sorriso inconfundível;

Um jeito juvenil... Um botão que desabrochou.

Pele aveludada, olhar inocente.

 

Caminhavas como quem tinha pressa de viver,

E vivias como quem não tinha pressa de morrer.

 

Quando o sol toca a flor, suas pétalas se abrem,

Seus encantos se multiplicam, e sua sensualidade aflora.

E durante a noite, a misteriosa noite, se fecha e se recolhe.

 

Eu ti vi ontem.

Como a beleza é efêmera!

domingo, 19 de agosto de 2012

Assunção - Hino à Maria


Enfeitei a minha casa de flores,
rosas e cores
E quando ela estava bem perfumada, abri a porta e recebi, a Mãe
Imaculada.


Dos seus olhos brilhavam uma luz, e minha casa ficou qual um jardim,
florido e iluminado.
De suas mãos intercessora, brotavam tantas graças, como fonte de águas,
abundantes.


Com seu manto azul, cobriu-me,
com graças e favores.
E enquanto eu inebriava-me no perfume da Mãe amada, abri a porta e recebi o Filho,
da Imaculada.


Sua veste branca e reluzente, qual Igreja de Jesus, e minha casa agora, o jardim
querido e desejado.
E do Senhor no altar, fluíam tantas graças, como fonte das águas,
batismais.

Louvor a Santíssima Trindade, que nos concede
à Virgem Maria,
Imagem de sua Igreja, elevando-nos
aos Céus. Amém.





domingo, 10 de junho de 2012

Meninos da Praça



Olhai a brisa da manhã, não vê o Criador?
Ele se faz presente no brilho do sol,
No sorriso das crianças,
No coração do pobre e miserável.

Sua mão quer te tocar.
Quer tocar no teu coração.

Este oleiro olha o mundo e manda profetas.
Para que as pedras não falem

Mas não são das suas mãos
O véu de pérolas que cobrem a sua Igreja.
“Os que se vestem de roupas preciosas e vivem no luxo, estão nos palácios dos reis”
E, são pedras de tropeço.
Assim, como a madrugada da candelária.

Quando prostras teus joelhos,
Busca-o num exílio universal.

Que queres ser?
Um caniço agitado pelo vento?
Arranca-te esse dedo de sobre os lábios!
Não vês que os cegos vêem, os coxos andam,
Os leprosos ficam limpos, os surdos ouvem,
Os mortos ressuscitam?

Arranca-te esse dedo de sobre os lábios!
Para que as bem-aventuranças entrem no teu coração
E aos pobres o Evangelho seja anunciado.

Ouve as lamentações cantadas para ti e chores!
Para que o Senhor não tenha contra ti
Que arrefeceste o teu primeiro amor
E seja removido o seu candelabro.


quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Bárbara

Se todos fossem bárbaros
Como os bárbaros
O mundo seria
Uma barbaria...

Se todas as Bárbaras
Fossem bárbaras
Tudo seria
Uma barbada...

Se todas as Bárbaras
Fossem bárbaras
Como a Bárbara...
O mundo seria bárbaro
Como a Bárbara...

sábado, 27 de agosto de 2011

Amor Lírico

Amar-te é prazer e sofrimento
Ter-te comigo é puro sacrifício
Mas felicidade é coisa de momento
Esforço é obra do ofício

Mesmo que os obstáculos sejam eternos
Que para sorrir eu tenha que chorar
Que para os meus sonhos sejam o término
Mas meu sonho maior é te amar

Teu nome em meu vocabulário é proibido
Nos meus sonhos tua imagem é real
E o meu sofrimento por ti é divertido

O meu amor por ti é lírico
O meu amor por ti é carnal
E o desejo de carne é bíblico

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Vida de Sal

Da gravidez das rochas,
do parto sem dor,
brotei do ventre materno,
tornei-me nascente cristalina,
limpa e pura.

Abriguei-me sorrindo nos teus braços,
alimentei-me nos teus seios leitosos,
juntei-me aos meus irmãos
e brincamos de deslizarmos pelas rochas,
seguimos de mãos dadas
angariando amizades.

Fomos crescendo e ficando fortes,
e nos sentimos poderosos.
Perdemos nossas purezas,
e nos poluímos de substâncias “malignas”.
Nossos corpos não eram mais cristalinos
[ porém sujos e ambiciosos.

O pouco era incontentável,
As nascentes
Córregos
Rios
Eram superáveis:
Mergulhamo-nos no mar
e nos salgamos eternamente.

domingo, 14 de agosto de 2011

Minha Amada

Eu estava à-toa,
triste no nada,
de repente, vi a minha amada.
Fiquei todo bobo:
vi minha amada!
Ela me deu um sorriso:
fiquei risonho,
parecia sonho,
o sorriso da minha amada.

Eu vi minha amada!
Toda desarrumada;
ela estava linda,
bem original,
sem nada de especial.
Eu vi minha amada!
Parece palhaçada,
mas eu vi minha amada.
Sei que vão rir de mim,
mas eu vi a minha amada.
Sei que vão caçoar de mim,
não tem importância,
eu vi minha amada!

sábado, 16 de julho de 2011

Meninos da Praça

Olhai a brisa da manhã, não vês o Criador?
Ele se faz presente no brilho do sol,
No sorriso das crianças,
No coração do pobre e miserável.

Sua mão quer te tocar.
Quer tocar no teu coração.

Este oleiro olha o mundo e manda profetas.
Para que as pedras não falem

Mas não são das suas mãos
O véu de pérolas que cobrem a sua Igreja.
“Os que se vestem de roupas preciosas e vivem no luxo,
Estão nos palácios dos reis” e, são pedras de tropeço,
Assim, como a madrugada da candelária.

Quando prostras teus joelhos,
Busca-o num exílio universal.

Que queres ser?
Um caniço agitado pelo vento?
Arranca-te esse dedo de sobre os lábios!
Não vês que os cegos vêem, os coxos andam,
Os leprosos ficam limpos, os surdos ouvem,
Os mortos ressuscitam?

Arranca-te esse dedo de sobre os lábios!
Para que as bem-aventuranças entrem no teu coração
E aos pobres o Evangelho seja anunciado.

Ouve as lamentações cantadas para ti e chores!
Para que o Senhor não tenha contra ti
Que arrefeceste o teu primeiro amor
E seja removido o seu candelabro.

sábado, 9 de julho de 2011

J'ai deux amours

Madeleine tem dois amores, seu país e Paris;
Se divide no fascínio das paixões,
dos encantos e dos prazeres;
Entre a beleza de duas cidades,
de Manhattan (est belle), que é seu berço,
e da cidade luz, que é Paris.

Eu tenho dois amores, meu país e a Igreja de Jesus;
Na cidade dos homens, o meu fascínio
e as minhas paixões;
Na cidade de Deus, a minha alma,
saciada como de fino manjar,
suspira.

Sou como a corça,
mato a fome do meu corpo
com víboras,
mas às afogo no meu arrependimento,
na cede da minha alma
pela a água viva.

Eu tenho dois amores,
meu país e a cidade Luz.

sábado, 5 de março de 2011

O perfume das flores

É bom pegar em tuas mãos,
Tocar o teu rosto,
E em teus cabelos.

O campo está perfumado,
Os pássaros cantam,
As borboletas voam,
E o céu está azul.

O sol penetra entre as árvores
Com seus raios,
As águas deslizam sobre as pedras
E tocam teu corpo.

É bom tocar em você,
Tocar teus lábios
Com a ponta dos meus dedos,
E falar sussurrando em teus ouvidos.

Parar o relógio,
Esquecer o tempo,
E viver apenas e eternamente
Esse grande momento.

E quando o sol se pôr e a noite vier,
Com suas estrelas e seus encantos.
Talvez tuas vestes, caiam como pétalas,
De uma flor que se entrega por inteira,
Numa noite de amor.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Pensées

Há um corpo e uma alma,
mas um só é o ser.
Há uma vida ativa e uma contemplativa,
mas um só é o fim.

Se, contemplo com os olhos os encantos de uma flor,
mas não sinto o seu perfume,
e não a toco com minhas mãos,
não me entrego à sua magia.

Ou se me detenho contemplando-a pelo caminho
e não sigo marcando os meus pés,
nas pedras e no cansaço,
não chego ao meu destino

Há um dia e uma noite,
e um só curso.
Há um Sol e uma Lua,
mas uma só é a luz.

Se, contemplo com os olhos os encantos da manhã,
mas me perturbo com o entardecer,
e não percebo que no horizonte
o ocaso não é o fim.

Ou se me detenho sob o sol,
e sigo pautando a minha existência
na luta e no suor,
viverei um dia sombrio.

Há um dia e uma noite,
Um corpo e uma alma...

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Jane

Eu vivia cativo à própria “liberdade”.
Pensamentos, sonhos e grades...
No meu livre arbítrio,
Uma boemia, uma madrugada.
E nas ruas frias, úmidas e escuras,
Buscava a felicidade.

Quantas vezes a “encontrei” nas esquinas,
Não das ruas frias úmidas e escuras,
Mas nas esquinas da vida.
Talvez frias úmidas e escuras;
Mas talvez, por serem frias úmidas e escuras,
Não tinham vida; eram passageiras;
Duravam apenas aquela noite,
Ou algumas noites.

Mas na noite das noites,
Ou na plenitude da noite,
Que jazia em meu ser;
Quando a lua já não mais nascia,
Quando o meu fim último parecia à solidão,
Senti o cheiro da manhã,
Percebi o vulto da aurora.
E por de trás das serras,
No seu sorriso, brilhou uns raios,
Que me invadiram, e me libertaram.

Na Plenitude dos Tempos

No décimo quinto ano do governo de Tibério,
Quando Pilatos governava a Judéia,
E Herodes era o tetrarca da Galiléia,
Quando Anás e Caifás eram sumos sacerdotes,
Quando o Amor não mais suportava a dor,
Nasceu Jesus, o meu Salvador.

sábado, 24 de abril de 2010

Sal da Terra e Luz do Mundo

Nas leiras da vida,
no canteiro do meu coração,
o Pastor Galileu
me apascentou.

Meu jeito burro,
minha vida vã.
A minha poesia vazia,
meu coração de nada.

Foi então que vi o quanto vaguei.
Vi que fui o caminho, cuja semente caiu
mas, um doce e lindo passarinho, a comeu.

Vi que fui um solo pedregoso,
e por falta de raiz,
nem o sol, a semente suportou.

Vi que fiz a minha vida em meio a espinhos,
onde as rosas não são formosas.

Todavia, para o Cordeiro da Galiléia,
Sua graça também é infinita.
Sua arte de perdoar é esplêndida.
E a Sua paciência, como dizia Francisco, é adimensional.

Então, com toda sua grandeza,
como um humilde agricultor,
cuidou deste pobre solo,
e o fez fértil.

E com a sua própria mão,
fez-me assim, sal da terra e luz do mundo.
Aleluia!

sábado, 17 de abril de 2010

A Vitória da Cruz

Uma voz clama no deserto
e proclama o advento.
Como o vento que anuncia
a chuva que vem,
e Molha a terra árida,
de uma alma pálida.

Assim como a aurora,
interpõe-se entre a treva e a luz,
a voz que clama
aponta Jesus.

O sol nascente se faz na vida,
de homens e mulheres,
nos desertos e abismos,
uma estrada que brilha,
um mestre que conduz.

De cabeças erguidas,
marcham vibrantes,
movidos pela esperança,
as virgens prudentes.

Mas o noivo,
que chegara à plenitude dos tempos,
curando feridas, fazendo milagres,
coloca-se em uma cruz.

Tão desfigurados,
tanta dor.
Tocaram o mar vermelho,
o mar se abriu,
e logo se fechou.

A primavera chegou,
depois de um longo inverno.
Os campos ficaram perfumados,
os desertos floridos.
Mas onde estão os colibris?

O céu escureceu,
é noite fora de hora.
Onde está o verão?
Porque as folhas secas?
Porque me abandonastes?

Um mundo de horror!
A noite é mais escura.
A madrugada é mais fria.

E quando a lua aparece,
projeta como sombra,
um medo apavorante.

Pra onde fica o norte?
Onde está o meu barco?
Minha rede está vazia.

Pra onde irei?
Pois quem tinha palavras eternas,
morreu.

Mas a pedra rolou,
e no sepulcro...
Onde está o meu Senhor?

E quando caminhavas,
na madrugada fria,
as palavras exuberantes
de um certo peregrino,
fez arder o meu peito,
como brasa que queima,
pois eram palavras de vida.

A vida que renasce.
A semente que morre.
A esperança que germina.

E quando caminhavas,
nas ruas da vida,
até a sombra curava,
as almas feridas.

Portas abertas.
Homens vibrantes.
Anunciam com fé,
o mistério revelado.
Por tantos profetizados,
e não compreendido.

Onde está o medo?
Onde está a angústia?
Daqueles pobres homens,
que tocaram nas chagas,
do corpo glorificado,
que testemunharam na história,
o Deus encarnado,
como prova de amor.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

É Proibido Ver a Rosa

Era estação de inverno
Na cidade da contradição
Ora maravilhosa, ora...sou covarde
Depois de chuvas e frio
O sol brilhava e se escondia
Consumando uma tarde linda
Havia pedras salteadas no céu
Mas eram leves como isopor
Fofas como algodão
No ar,o balé das andorinhas.
É linda a natureza
Natureza, eu gosto de voçê!!

Pena que sou pobre
E não tenho coragem de me opor
A minha condição de vida

Se eu pudesse viajar pela a mãe
Subir o pico da neblina
E deitar no tapete do algodão divino

Pena que sou pobre
E não tenho coragem de me opor
A minha pobre pobreza

Há tanta magia na geografia da mãe
Há tantos rebeldes violentando a nudez da rosa
Há tanta voz muda
Há tanto corpo sem alma

Pena que sou pobre
E não tenho coragem de romper
Pena que sou rico
E não tenho coragem de empobrecer

Pena que sou forte
E tenho coragem de suportar
Ossos quebrados
Peles rachadas
Mentes atômicas
Sanguessugas parasitas
Corpos ocos
Sem estômagos
Sem escrúpulos

Pena que sou fraco
E não tenho coragem de reagir
A minha própria fraqueza.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Um certo tom dourado

Você me abraçou, sorriu...
Você estava tão linda!

Suas mãos sobre meus ombros,
seu ombro meio que pra traz,
você estava tão feliz!

Seus cabelos cacheados,
sua blusa tão simples..., tão azul,
você estava demais!

Naquela noite, naquela torre,
não éramos mais, apenas namorados.
Mas trazíamos nas mãos, um certo tom dourado.

Você me abraçou, sorriu...
Você estava tão linda!

A janela estava aberta, mas eu não deixei você fugir.
As mesas estavam vazias, mas você estava ali.
Lá fora estava escuro, mas como hoje, você estava em mim.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Fazendo Poesias

Imagine você
Perdida em uma ilha
Linda e deserta

Imagine você
Com fome
Com sede

Imagine você
Nua
E carente

Imagine você
Imaginando
Uma miragem
Real

Imagine eu
A miragem
Viva

Imaginemos nós
Nos aproximando
Magicamente

Imagine você
Em meus braços
Em meu colo

Imaginemos nós dois
Juntos
Juntinhos
Coladinhos

Imagine você
Acariciando-me
Amando-me

Imagino tua pele morena
Nua como a flor
Colada na minha

Imagino teus cabelos
Negros e selvagens
Soltos e livres

Imagino-te leoa mulher
Fera indomável
Fonte de meu prazer

Imagino
Imagine
Imagine
Imagino
Imagine
Imaginemos nós dois
Imagine
Imagine
Imagine o meu corpo
Imagine
Imagine

Imagine os nossos corpos
Unindo-se
Tocando-se
Penetrando-se

Imaginemos nós dois
Pele a pele
Boca a boca
Em um corpo só

Imaginemos os nossos corpos
Sentindo-se
Tocando-se
Sugando-se
Dando-se
Movendo-se ritmicamente
Dançando a mesma música
Fazendo um poema

Imagine
Imagine
Imaginemos os nossos corpos
Poetas
Fazendo poesias.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

A essência da vida

O seu riso, o seu olhar,
O seu não, o seu sim.
Não deixe no tempo ficar,
Seja eterna pra mim.

Seja hoje a minha vida.
Seja na minha vida hoje, o meu viver.
Não seja no tempo a saudade,
De uma felicidade que passou.

Eu ainda hoje sinto o seu cheiro,
Não o de rosas, não o de pêssegos...
Mas daquele que exala da sua alma,
Traspassa os seus poros,
E desperta em mim,
Na essência da vida,
Uma paixão, um desejo...
De inebriar-me em você.

Venha nessa noite,
Com todos os seus encantos!
Seja hoje, eterna pra mim!

domingo, 24 de maio de 2009

A Marca da Mãe

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Insensível, demasiadamente insensível.

Despertei de manhã ao som das buzinas,
do sinal verde fechado!
Levantei da cama, cheio de preguiça.
Eta colchão desajeitado!

Lavei a cara remelenta,
bebi um leite desnatado
e degustei esponjas de bromato.

Não beijei minha mulher,
nem dei bom dia ao vizinho.
Fui despertar outros tantos,
desvairando-me no trânsito.

Raspei-me e livrei-me de um desastre,
onde voaram pernas e braços,
cabeças e vidros.

Onde bonecas e crianças
presas nas ferragens e nos cacos,
confundiam-se com o nada.
Onde as chamas não as carbonizava,
por causa do sangue que jorrava.

Vi brigas adiante.
Vi tiros e assaltos.
Corrompi um guarda.
Tomei uma cachaça.
Enfrentei o vestibular,
e passei em primeiro lugar.

domingo, 14 de setembro de 2008

Nós somos tão pouca coisa


Outro dia me deparei com um belo poema: Mon amie la Rose”. Trata-se de uma chanson gravada por Cécile Caulier, Jacques Lacombe em 1964, ano em que eu nasci. O poema começa assim: "Nós somos tão pouca coisa/ E minha amiga a rosa me disse esta manhã: Na aurora eu nasci, batizada com o orvalho/ Eu desabrochei, feliz e amorosa/ Ao raio de Sol/ À noite eu me fechei/ e acordei velha/ Eu fora linda / sim, eu fora a mais linda/ das flores do seu jardim".
Essas palavras magicamente me convidaram a uma reflexão. Nós somos tão pouca coisa e vivemos como se fossemos eternos. Como a rosa nos disse: a vida se dá em um dia. Quando a noite chega, as pétalas se fecham e logo não seremos mais a mais linda das flores do jardim. A noite virá, na minha e na sua vida. Nós somos tão pouca coisa!
Por um breve tempo eu também senti meu coração desnudo. As palavras da rosa invadiram meu ser: "veja o que Deus me fez / me fez curvar a cabeça/ E eu sinto que caio/ E eu sinto que caio/ Meu coração está desnudo/ Tenho o pé na cova/ Logo não serei mais.”
Resolvi então, novamente ler o poema. E quando novamente me deparei com “na aurora eu nasci” as palavras ganharam novas cores, novas nuances. Foi como o dia que amanhece, onde a luz do sol revela as cores das folhas e das flores, das coisas e dos seres. Na aurora eu nasci... Lembrei-me então de Maria, a aurora da salvação. Da aurora nasce o Sol, e de Maria o Sol da justiça. E seguindo a leitura, agora com o coração cheio de esperança: "batizada com o orvalho. Eu desabrochei, feliz e amorosa. Ao raio de Sol". Que belas palavras! Que rosa sábia! Novamente, as suas palavras invadiram meu ser. Mas agora meu coração que antes desnudo, exibia uma veste esplêndida. Eu desabrochei, feliz e amorosamente. Bela manhã! A manhã da minha vida! A manhã das manhãs.
E o poema seguia: “Você me admirava ontem/ Eu que serei pó amanhã e para sempre/ Nós somos tão pouca coisa/ E minha amiga a rosa, morreu esta manhã/ A lua esta noite, velou minha amiga/ E nos meus sonhos eu vi/ Encantar as noites/ sua alma que dançava/ E antes de eu a reconhecer/ Sorria pra mim”.
E minha amiga a rosa, morreu esta manhã... Nós que somos tão pouca coisa... Sim, nós somos efêmeros! A vida é efêmera! E como a rosa nos disse: a vida se dá em um dia. Mas aquela rosa foi tão bela, que a lua a velou!
Um dia eu verei o pôr-do-sol, e quando a noite chega, as pétalas se fecham. Mas naquela noite, também haverá poesia, a lua velará esse ser efêmero. E quem sabe, a minha alma dançará pra você, no seu dia.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Fases da lua, fases da vida

Um olhar negro
Vazio e desestimulante
Com cara de túmulo
Velho e assustador
Em forma de cemitério
Antigo e mal assombrado
Assustando os corações
Era desilusão
De um amor de traição
Era noite de quarto-minguante!

II

Um olhar triste
Turvo e frio
Com lágrimas
Serenas e lentas
Em forma de orvalhos
Regando e salgando
As plantas adormecidas
Um vazio, um vácuo
Um papel, um bilhete
Uma mensagem cinza
Perdida nas trevas
Era noite de lua nova!

III

Um olhar verde
Meigo e amigo
Com sorriso aberto
Manso e agradável
Em forma de esperança
Acordando e convidando
As plantas desiludidas
A despertarem para a vida
Numa mensagem verde
Cobrindo os corações desbotados
Turvos e poluídos
Era noite de quarto-crescente!

IV

Um olhar lindo
Azul e branco
Com uma cara poética
Forte e amável
Em forma de amor
Prateando e fraternizando
As flores murchas
Intimando-as a cobrirem os campos
Numa tonalidade
Azul e branco
Com margens verdes
Pondo um término
Na solidão
Fazendo das trevas
Um bosque de amor
Era noite de lua cheia!
V

Quarto minguante
Cemitério do céu
Bola de fel
Revolta dos amantes
No amor a traição
Morte amarga, doença de dor
Início de ódio, fim de amor
Forte golpe, frágil coração

Quarto minguante
Mingua os seres
Bicham os amantes

Bicha a ilusão
Bicham os seres
Só não bicha a solidão.

VI

Lua nova
Lua cinza
Bola triste
Bola turva

Fossa nova
Fossa cinza
Fossa triste
Fossa turva

Lua fossa
Lua fria
Fossa lua

Fria fossa
Fossa fria
Fria lua

VII

Quarto crescente
Meia lua
Completa esperança
Luz verde

De novo adolescente
Emoção de lua
De novo criança
Amor verde

Verde lua
Adolescente verde
Verde amor

Adolescente lua
Lua verde
Adolescente amor.

VIII

Lua cheia
Lua azul
Cheia de branco
Cheia de amor

Vida cheia
Vida azul
Cheia de branco
Cheia de amor
Lua das vidas
Lua dos corações
Lua das flores

Flores das vidas
Flores dos corações
Flores dos amores.

domingo, 10 de agosto de 2008

A Marca da Mãe

Palavra, palavra que cria.
Homem, feito a imagem e semelhança do próprio Deus.
Palavra, palavra que exclama o encantamento e o arrependimento.

Eva, aquela que contemplava a face do Senhor, e gozava de todo bem.
Concebe a palavra da serpente, gera desobediência e morte.
Eva, aquela que contemplava a face de Deus, se corrompe e perde a graça.

Providência, Divina Providência, esmaga a cabeça da serpente.
Maria, uma nova mulher, aquela cheia de graça.
Concebe fé e alegria, gera obediência e vida.

Um novo Céu, uma nova terra.
Um novo homem, uma nova vida.
A vida em rosas, a vida em cores.
Bela porta! Nova Eva! Mãe Santíssima!

Porta que não se rompe.
Eva que não se corrompe.
Mãe que não se cansa.

Verbo, verbo que se encarna,
No seio da virgem.
E faz morada em meio a nós.

Deus, Deus feito homem,
Que traz em si a unidade com o Pai.
No olhar, a paz que o mundo não tem,
No sangue, a marca da mãe.

Charme

Cabelos de leoa
Boca de fera
Lábios de serpente
Pele de prazer
Corpo de sonhos
Alma de criança
Olhar de malícia
Andar de deusa
Jeito de mulher.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Pátria Árida

As lágrimas não falam, não calam, não escutam.
São águas profundas, que brotam do coração.

É como se fosse o sangue, minando da carne;
É como se fosse a alma, abandonando o corpo.

Assim como as lágrimas escorrem no rosto,
Escorrem entre os dedos, as lágrimas do seu coração.

E no teu olhar tristonho, restam as marcas das lágrimas,
Que escorrem pela a pele enrugada;
Pelos ossos descarnados, de um rosto “sertânico”.

E nesse gosto miserável, um amargo profundo,
Gerado no fígado, resto de uma cirrose,
Brindada em Brasília.

Triste cachaça, chamada política.
Triste seca, seca faminta.
Triste maldade, triste Pátria amada.
Desgraçada... Mas amada!

Amada na terra, mesmo quando árida.
Árida no falar, árida no agir.
Árida, completamente árida!

As lágrimas que rolam, são águas profundas,
Que saem do coração,
D’aqueles de pés no chão;
De cabeças chatas;
Das negritudes do morro;
Dos barrigudinhos da baixada;
Dos vermes que por acaso,
São filhos dessa Pátria árida,
Árida, completamente árida.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Paródia Eleitoral Para Menores de Urna.

Um dia, as coisas do “Paraíso Verde”, quiseram se emancipar.
E eleger um prefeito pro Vale.

Os três reinos entraram logo a matutar:
Animais, vegetais e minerais.
Começaram viver uma vida agitada
De surtos eloqüentes.
Manobras,
Recados furtivos,
Mensagens cifradas,
Promessas mirabolantes,
Intrigas,
Palpites e conversinhas ao pé do ouvido.

Entre os bichos era um tumulto formidável:
Bandos de bichos saiam em caravana eleitoral;
Matilhas de candidatos discursavam em praças públicas;
Cáfilas de intelectuais percorriam nos seus desertos encefálicos;
As alcatéias pichavam os muros à surdina da noite;
Os búfalos panfletavam pelas savanas.

Todo sistema era posto à prova:
A astúcia da raposa,
A agilidade do felino,
O engenho da ameba,
As intrigas da serpente,
A teimosia dos burros.

Enquanto as andorinhas buscavam o refúgio das igrejas,
As águias fascistas organizavam lá no alto, uma conferência com as aves de rapina.

Quem será o prefeito do “Paraíso Verde?”
Na fábula do mineiro seria a rosa a rainha,
Mas no vale a coisa fedia mais do que o bode e a gambá juntos.
Os candidatos engastalhados eram vaiados quando se vestiam de homens;
Outros atolados nos brejos da corrupção, rodeados de ratos e moscas, repetiam slogans Monótonos;
E o povo, parente da tartaruga, sonhava com o carbono das profundezas da terra, para Reluzir suas esperanças.

No meio desse zôo-ideológico, os operários vegetais entraram em greve geral.
Nada de germinar,
Nada de brotar,
Nada de verdejar,
Nada de florescer.

Os minerais resolveram sair do anonimato.
Seu líder, o diamante, subiu no palanque e discursou:
A despeito dos interesses em choques, e de tantas contradições “cavalescas”, é preciso dizer: chega de vermes.
Estamos fartos do reino animal e da sua podridão.
Estamos fartos dos seus esgotos.
Diante de tanta lama, precisamos de um homem.
E não de animais.

sábado, 12 de julho de 2008

Asas em pó

Na fúria da juventude
Vaguei nas asas verdes
Pelo firmamento, efêmero e azul
Buscando um arco-íris
Na noite escura, cruel e fria.

Nas asas do tempo
A levedura da juventude
Não passa de fogo de palha.
O que consome agora
São as entranhas, a alma
O cerne da vida.

E queima como brasa
O coração que ama
A esperança que impulsiona
A escência da vida
Volatizando o aroma das rosas
O charme que conquista.

E o que fica
São as cinzas, a velhice
Sem o germe que faz brotar
Os ramos da vida.

Céu Negro

Eu vejo grades
O céu está negro
A porta se fechou.

Drogas!
Lá fora há tanto tipo de gente!
Tem gente que dá volta,
Tem gente que anda às voltas,
Tem gente que se perde.

O mundo é assim,
A vida é assim,
Para uns simples, para outros triste.
Uns cantam, outros gritam,
Uns choram, outros calam,
Muitos vivem, muitos morrem,
E muitos não vivem e ném morrem,
Apenas se drogam.

Eu vejo grades,
O céu está negro,
A porta se fechou,
Num mundo de horror.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Um dia depois

Aquela mulher, no poço de Jacó.
Ou quem sabe, aquela do perfume, das lágrimas e dos cabelos...
Aquele rabisco no chão e aquele olhar de perdão.
Quem sabe, a Sua voz...
Aquela angústia... Daquele jovem rico.

Não, eu vim um dia depois!
Não toquei Suas vestes, não toquei Suas chagas...
Minha cabeça não experimentou Seu ombro!
Não caminhei sobre as águas... Não subi naquela árvore.
E nem O vi subindo aos céus.
Não, eu vim um dia depois!

Aquele monte... Aquelas palavras... Sim, vivas no tempo!
Mistério! Um dia depois!
Com a mesma carne... O mesmo sangue...
Aonde irei, se só Tu tens poder de me transfigurar?
Mesmo, um dia depois.

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