segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Pensées

Há um corpo e uma alma,
mas um só é o ser.
Há uma vida ativa e uma contemplativa,
mas um só é o fim.

Se, contemplo com os olhos os encantos de uma flor,
mas não sinto o seu perfume,
e não a toco com minhas mãos,
não me entrego à sua magia.

Ou se me detenho contemplando-a pelo caminho
e não sigo marcando os meus pés,
nas pedras e no cansaço,
não chego ao meu destino

Há um dia e uma noite,
e um só curso.
Há um Sol e uma Lua,
mas uma só é a luz.

Se, contemplo com os olhos os encantos da manhã,
mas me perturbo com o entardecer,
e não percebo que no horizonte
o ocaso não é o fim.

Ou se me detenho sob o sol,
e sigo pautando a minha existência
na luta e no suor,
viverei um dia sombrio.

Há um dia e uma noite,
Um corpo e uma alma...

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Jane

Eu vivia cativo à própria “liberdade”.
Pensamentos, sonhos e grades...
No meu livre arbítrio,
Uma boemia, uma madrugada.
E nas ruas frias, úmidas e escuras,
Buscava a felicidade.

Quantas vezes a “encontrei” nas esquinas,
Não das ruas frias úmidas e escuras,
Mas nas esquinas da vida.
Talvez frias úmidas e escuras;
Mas talvez, por serem frias úmidas e escuras,
Não tinham vida; eram passageiras;
Duravam apenas aquela noite,
Ou algumas noites.

Mas na noite das noites,
Ou na plenitude da noite,
Que jazia em meu ser;
Quando a lua já não mais nascia,
Quando o meu fim último parecia à solidão,
Senti o cheiro da manhã,
Percebi o vulto da aurora.
E por de trás das serras,
No seu sorriso, brilhou uns raios,
Que me invadiram, e me libertaram.

Na Plenitude dos Tempos

No décimo quinto ano do governo de Tibério,
Quando Pilatos governava a Judéia,
E Herodes era o tetrarca da Galiléia,
Quando Anás e Caifás eram sumos sacerdotes,
Quando o Amor não mais suportava a dor,
Nasceu Jesus, o meu Salvador.

sábado, 24 de abril de 2010

Sal da Terra e Luz do Mundo

Nas leiras da vida,
no canteiro do meu coração,
o Pastor Galileu
me apascentou.

Meu jeito burro,
minha vida vã.
A minha poesia vazia,
meu coração de nada.

Foi então que vi o quanto vaguei.
Vi que fui o caminho, cuja semente caiu
mas, um doce e lindo passarinho, a comeu.

Vi que fui um solo pedregoso,
e por falta de raiz,
nem o sol, a semente suportou.

Vi que fiz a minha vida em meio a espinhos,
onde as rosas não são formosas.

Todavia, para o Cordeiro da Galiléia,
Sua graça também é infinita.
Sua arte de perdoar é esplêndida.
E a Sua paciência, como dizia Francisco, é adimensional.

Então, com toda sua grandeza,
como um humilde agricultor,
cuidou deste pobre solo,
e o fez fértil.

E com a sua própria mão,
fez-me assim, sal da terra e luz do mundo.
Aleluia!

sábado, 17 de abril de 2010

A Vitória da Cruz

Uma voz clama no deserto
e proclama o advento.
Como o vento que anuncia
a chuva que vem,
e Molha a terra árida,
de uma alma pálida.

Assim como a aurora,
interpõe-se entre a treva e a luz,
a voz que clama
aponta Jesus.

O sol nascente se faz na vida,
de homens e mulheres,
nos desertos e abismos,
uma estrada que brilha,
um mestre que conduz.

De cabeças erguidas,
marcham vibrantes,
movidos pela esperança,
as virgens prudentes.

Mas o noivo,
que chegara à plenitude dos tempos,
curando feridas, fazendo milagres,
coloca-se em uma cruz.

Tão desfigurados,
tanta dor.
Tocaram o mar vermelho,
o mar se abriu,
e logo se fechou.

A primavera chegou,
depois de um longo inverno.
Os campos ficaram perfumados,
os desertos floridos.
Mas onde estão os colibris?

O céu escureceu,
é noite fora de hora.
Onde está o verão?
Porque as folhas secas?
Porque me abandonastes?

Um mundo de horror!
A noite é mais escura.
A madrugada é mais fria.

E quando a lua aparece,
projeta como sombra,
um medo apavorante.

Pra onde fica o norte?
Onde está o meu barco?
Minha rede está vazia.

Pra onde irei?
Pois quem tinha palavras eternas,
morreu.

Mas a pedra rolou,
e no sepulcro...
Onde está o meu Senhor?

E quando caminhavas,
na madrugada fria,
as palavras exuberantes
de um certo peregrino,
fez arder o meu peito,
como brasa que queima,
pois eram palavras de vida.

A vida que renasce.
A semente que morre.
A esperança que germina.

E quando caminhavas,
nas ruas da vida,
até a sombra curava,
as almas feridas.

Portas abertas.
Homens vibrantes.
Anunciam com fé,
o mistério revelado.
Por tantos profetizados,
e não compreendido.

Onde está o medo?
Onde está a angústia?
Daqueles pobres homens,
que tocaram nas chagas,
do corpo glorificado,
que testemunharam na história,
o Deus encarnado,
como prova de amor.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

É Proibido Ver a Rosa

Era estação de inverno
Na cidade da contradição
Ora maravilhosa, ora...sou covarde
Depois de chuvas e frio
O sol brilhava e se escondia
Consumando uma tarde linda
Havia pedras salteadas no céu
Mas eram leves como isopor
Fofas como algodão
No ar,o balé das andorinhas.
É linda a natureza
Natureza, eu gosto de voçê!!

Pena que sou pobre
E não tenho coragem de me opor
A minha condição de vida

Se eu pudesse viajar pela a mãe
Subir o pico da neblina
E deitar no tapete do algodão divino

Pena que sou pobre
E não tenho coragem de me opor
A minha pobre pobreza

Há tanta magia na geografia da mãe
Há tantos rebeldes violentando a nudez da rosa
Há tanta voz muda
Há tanto corpo sem alma

Pena que sou pobre
E não tenho coragem de romper
Pena que sou rico
E não tenho coragem de empobrecer

Pena que sou forte
E tenho coragem de suportar
Ossos quebrados
Peles rachadas
Mentes atômicas
Sanguessugas parasitas
Corpos ocos
Sem estômagos
Sem escrúpulos

Pena que sou fraco
E não tenho coragem de reagir
A minha própria fraqueza.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Um certo tom dourado

Você me abraçou, sorriu...
Você estava tão linda!

Suas mãos sobre meus ombros,
seu ombro meio que pra traz,
você estava tão feliz!

Seus cabelos cacheados,
sua blusa tão simples..., tão azul,
você estava demais!

Naquela noite, naquela torre,
não éramos mais, apenas namorados.
Mas trazíamos nas mãos, um certo tom dourado.

Você me abraçou, sorriu...
Você estava tão linda!

A janela estava aberta, mas eu não deixei você fugir.
As mesas estavam vazias, mas você estava ali.
Lá fora estava escuro, mas como hoje, você estava em mim.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Fazendo Poesias

Imagine você
Perdida em uma ilha
Linda e deserta

Imagine você
Com fome
Com sede

Imagine você
Nua
E carente

Imagine você
Imaginando
Uma miragem
Real

Imagine eu
A miragem
Viva

Imaginemos nós
Nos aproximando
Magicamente

Imagine você
Em meus braços
Em meu colo

Imaginemos nós dois
Juntos
Juntinhos
Coladinhos

Imagine você
Acariciando-me
Amando-me

Imagino tua pele morena
Nua como a flor
Colada na minha

Imagino teus cabelos
Negros e selvagens
Soltos e livres

Imagino-te leoa mulher
Fera indomável
Fonte de meu prazer

Imagino
Imagine
Imagine
Imagino
Imagine
Imaginemos nós dois
Imagine
Imagine
Imagine o meu corpo
Imagine
Imagine

Imagine os nossos corpos
Unindo-se
Tocando-se
Penetrando-se

Imaginemos nós dois
Pele a pele
Boca a boca
Em um corpo só

Imaginemos os nossos corpos
Sentindo-se
Tocando-se
Sugando-se
Dando-se
Movendo-se ritmicamente
Dançando a mesma música
Fazendo um poema

Imagine
Imagine
Imaginemos os nossos corpos
Poetas
Fazendo poesias.