quarta-feira, 30 de julho de 2008

Paródia Eleitoral Para Menores de Urna.

Um dia, as coisas do “Paraíso Verde”, quiseram se emancipar.
E eleger um prefeito pro Vale.

Os três reinos entraram logo a matutar:
Animais, vegetais e minerais.
Começaram viver uma vida agitada
De surtos eloqüentes.
Manobras,
Recados furtivos,
Mensagens cifradas,
Promessas mirabolantes,
Intrigas,
Palpites e conversinhas ao pé do ouvido.

Entre os bichos era um tumulto formidável:
Bandos de bichos saiam em caravana eleitoral;
Matilhas de candidatos discursavam em praças públicas;
Cáfilas de intelectuais percorriam nos seus desertos encefálicos;
As alcatéias pichavam os muros à surdina da noite;
Os búfalos panfletavam pelas savanas.

Todo sistema era posto à prova:
A astúcia da raposa,
A agilidade do felino,
O engenho da ameba,
As intrigas da serpente,
A teimosia dos burros.

Enquanto as andorinhas buscavam o refúgio das igrejas,
As águias fascistas organizavam lá no alto, uma conferência com as aves de rapina.

Quem será o prefeito do “Paraíso Verde?”
Na fábula do mineiro seria a rosa a rainha,
Mas no vale a coisa fedia mais do que o bode e a gambá juntos.
Os candidatos engastalhados eram vaiados quando se vestiam de homens;
Outros atolados nos brejos da corrupção, rodeados de ratos e moscas, repetiam slogans Monótonos;
E o povo, parente da tartaruga, sonhava com o carbono das profundezas da terra, para Reluzir suas esperanças.

No meio desse zôo-ideológico, os operários vegetais entraram em greve geral.
Nada de germinar,
Nada de brotar,
Nada de verdejar,
Nada de florescer.

Os minerais resolveram sair do anonimato.
Seu líder, o diamante, subiu no palanque e discursou:
A despeito dos interesses em choques, e de tantas contradições “cavalescas”, é preciso dizer: chega de vermes.
Estamos fartos do reino animal e da sua podridão.
Estamos fartos dos seus esgotos.
Diante de tanta lama, precisamos de um homem.
E não de animais.

sábado, 12 de julho de 2008

Asas em pó

Na fúria da juventude
Vaguei nas asas verdes
Pelo firmamento, efêmero e azul
Buscando um arco-íris
Na noite escura, cruel e fria.

Nas asas do tempo
A levedura da juventude
Não passa de fogo de palha.
O que consome agora
São as entranhas, a alma
O cerne da vida.

E queima como brasa
O coração que ama
A esperança que impulsiona
A escência da vida
Volatizando o aroma das rosas
O charme que conquista.

E o que fica
São as cinzas, a velhice
Sem o germe que faz brotar
Os ramos da vida.

Céu Negro

Eu vejo grades
O céu está negro
A porta se fechou.

Drogas!
Lá fora há tanto tipo de gente!
Tem gente que dá volta,
Tem gente que anda às voltas,
Tem gente que se perde.

O mundo é assim,
A vida é assim,
Para uns simples, para outros triste.
Uns cantam, outros gritam,
Uns choram, outros calam,
Muitos vivem, muitos morrem,
E muitos não vivem e ném morrem,
Apenas se drogam.

Eu vejo grades,
O céu está negro,
A porta se fechou,
Num mundo de horror.