terça-feira, 15 de abril de 2008

A sarça ardente

Meu peito, a sarça ardente.
Fogo que não se consome
Solo que se fez sagrado

Meu leito, a burguesia fedida.
Águas escuras e podres
Poses e pérolas nobres
Curso e vida vã

Meu sim, meu arrependimento.
Renúncia, dor de morte.
Liberdade conquista perene.
Primeiro encontro, primeiro amor.

Meu peito, a sarça ardente.
Posto que me fiz bem aventurado
Despido até das alpargatas
Pelas veredas dos miseráveis
Abortado, fecundo está.

Tempo, a memória que se apaga.
O vento que vaga
Mas, a maravilha do deserto.
Chama que não se consome, apaga-se?
Não, não deixarei que se remova o candelabro.
Posto que a sarça ardente
Renova em mim e não se consome.

http://palcodapoesia.blogspot.com

Um bom vinho

Um bom vinho vem de um bom planejamento. Define-se primeiro que tipo de vinho se quer produzir, de acordo com o local.
Em função dessa definição, faz-se a escolha da videira. Prepara-se o terreno, planta-se e cuida-se daquela que será a raiz e a referência de todos os ramos. Corta-se o mato que cresce e fazem-se parreiras. Rega-se a vinha e providencia-se para que cada cacho de uvas receba a quantidade de luz que precisa.
Quando as uvas estão maduras são então colhidas seletiva e cuidadosamente.
Os frutos vão então para o silo onde serão triturados e fermentados. Essa etapa deve ser cuidadosamente controlada pelo vinicultor.
Separa-se então o mosto das cascas e sementes. Leva-se o mosto para dar continuidade à fermentação em barris de carvalho.
Dentro de alguns meses tem-se então um vinho, que pode ser bebido em fim de festa.
Dentro de alguns anos tem-se um vinho digno dos melhores cardápios da alta gastronomia.
Dentro de algumas décadas tem-se um vinho raro para celebrações solenes.
A palavra de Deus é como a videira à espera de uma terra fértil.
O evangelizador é quem prepara o solo, planta e cultiva a vinha. É ele quem contempla cada ramo que nasce e exulta de alegria quando avista os primeiros cachos. É aquele que espera pacientemente as demoras de Deus.
A uva então amadurece, é colhida e levada para a vinícola.
Dentro de alguns meses tem-se um neoconvertido.

Repouso

Quando atravesso vales escuros
Verdadeiros desertos em minha vida
E as minhas forças se rendem
Ao esgotamento de minha alma
Sinto então, sede de água.
E fome de pão.

Mas as águas refrescantes
Não jorram do poço de Jacó
Jorram do lado esquerdo
Do meu Senhor.

E o pão que sustenta
Não vem dos moinhos de hoje
E não é o maná de ontem
Vem do cordeiro de Deus
Que tira o pecado
Do meu coração.

Quando a minha fraqueza é tamanha
Repouso em verdes prados
Deito a minha cabeça em seu ombro
E a minha alma em seu Santo Espírito

Com as minhas forças restauradas
Peregrino em retos caminhos
Por amor de Seu nome.