quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

A beata de minha vida

Quero ver eu negar agora,
a beleza que há, na sombra das pétalas da rosa.
E não admitir que é rosa.
E que sua sombra, também é rosa.

Não posso negar,
que quando floreio as palavras,
tento camuflar frases
que giram em torno do verbo amar.

Bela beata!
Espero que seja beata também do meu amor.
Assim como te espero, mesmo quando te tenho.

E agora, de frente a ti, boca a boca,
como um solo musical.
Produzido nas entranhas das rochas mais escondidas,
e reveladas por um feixe de luz singular.
Digo às palavras que se esconderam nas flores,
e vejo nossos corpos bailarem as músicas das rochas,
agora despidas.

Bela beata!
Sua pele são pétalas morenas e não rosas.
Despidas e perfumadas.

E agora, inebriado com seu aroma,
sem cor e sem sombra.
Rendo-me as suas preces.

S.O.S. Terra

S.O.S. ... precisa-se urgentemente de sangue
Do tipo, P.A.Z.
S.O.S., precisa-se de doador
S.O.S., procura-se doador de pulmão
Do tipo, natureza
S...O...S, precisa-se de doador de coração
Do tipo amor

S.O.S, S...O...S, procura-se doador
S...O...S, precisa-se urgentemente de córneas
Do tipo poesia

S.O.S, S.O.S, S...O.S
Atenção doadores
Comparecer no instituto médico-intergalaxial
Paciente...,Terra.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Charme

Cabelos de leoa
Boca de fera
Lábios de serpente
Pele de prazer
Corpo de sonhos
Alma de criança
Olhar de malícia
Andar de deusa
Jeito de mulher.

Marapendi

Em meia vida e meia morte
Sob o sol, sob a lua
Respira homem, bebe óleo
É senhora é dama
Foi bela será privada
É maria é nativa
Foi índia é selvagem
É museu em demolição

Em meia vida e meia morte
Índia Maria, uma guerreira em silêncio
Mansa e carinhosa
Mãe de tantas mães
Acalenta e alimenta
Suas últimas esperanças

Em meia luz e meia trevas
Depois de gerar tantas vidas
De encantar tantos olhos
A mãe Marapendi
Que vivia com tanta vida
Que se definia com tanta elegância
Como essência de pureza
Aborta a vida
Fecunda o fim
Respira a morte

Em meia realidade e meia ilusão
Em falso progresso e pura decadência
Com aplausos inconscientes
Nos bombardeamos ignorantemente.