segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Fases da lua, fases da vida

Um olhar negro
Vazio e desestimulante
Com cara de túmulo
Velho e assustador
Em forma de cemitério
Antigo e mal assombrado
Assustando os corações
Era desilusão
De um amor de traição
Era noite de quarto-minguante!

II

Um olhar triste
Turvo e frio
Com lágrimas
Serenas e lentas
Em forma de orvalhos
Regando e salgando
As plantas adormecidas
Um vazio, um vácuo
Um papel, um bilhete
Uma mensagem cinza
Perdida nas trevas
Era noite de lua nova!

III

Um olhar verde
Meigo e amigo
Com sorriso aberto
Manso e agradável
Em forma de esperança
Acordando e convidando
As plantas desiludidas
A despertarem para a vida
Numa mensagem verde
Cobrindo os corações desbotados
Turvos e poluídos
Era noite de quarto-crescente!

IV

Um olhar lindo
Azul e branco
Com uma cara poética
Forte e amável
Em forma de amor
Prateando e fraternizando
As flores murchas
Intimando-as a cobrirem os campos
Numa tonalidade
Azul e branco
Com margens verdes
Pondo um término
Na solidão
Fazendo das trevas
Um bosque de amor
Era noite de lua cheia!
V

Quarto minguante
Cemitério do céu
Bola de fel
Revolta dos amantes
No amor a traição
Morte amarga, doença de dor
Início de ódio, fim de amor
Forte golpe, frágil coração

Quarto minguante
Mingua os seres
Bicham os amantes

Bicha a ilusão
Bicham os seres
Só não bicha a solidão.

VI

Lua nova
Lua cinza
Bola triste
Bola turva

Fossa nova
Fossa cinza
Fossa triste
Fossa turva

Lua fossa
Lua fria
Fossa lua

Fria fossa
Fossa fria
Fria lua

VII

Quarto crescente
Meia lua
Completa esperança
Luz verde

De novo adolescente
Emoção de lua
De novo criança
Amor verde

Verde lua
Adolescente verde
Verde amor

Adolescente lua
Lua verde
Adolescente amor.

VIII

Lua cheia
Lua azul
Cheia de branco
Cheia de amor

Vida cheia
Vida azul
Cheia de branco
Cheia de amor
Lua das vidas
Lua dos corações
Lua das flores

Flores das vidas
Flores dos corações
Flores dos amores.

domingo, 10 de agosto de 2008

A Marca da Mãe

Palavra, palavra que cria.
Homem, feito a imagem e semelhança do próprio Deus.
Palavra, palavra que exclama o encantamento e o arrependimento.

Eva, aquela que contemplava a face do Senhor, e gozava de todo bem.
Concebe a palavra da serpente, gera desobediência e morte.
Eva, aquela que contemplava a face de Deus, se corrompe e perde a graça.

Providência, Divina Providência, esmaga a cabeça da serpente.
Maria, uma nova mulher, aquela cheia de graça.
Concebe fé e alegria, gera obediência e vida.

Um novo Céu, uma nova terra.
Um novo homem, uma nova vida.
A vida em rosas, a vida em cores.
Bela porta! Nova Eva! Mãe Santíssima!

Porta que não se rompe.
Eva que não se corrompe.
Mãe que não se cansa.

Verbo, verbo que se encarna,
No seio da virgem.
E faz morada em meio a nós.

Deus, Deus feito homem,
Que traz em si a unidade com o Pai.
No olhar, a paz que o mundo não tem,
No sangue, a marca da mãe.

Charme

Cabelos de leoa
Boca de fera
Lábios de serpente
Pele de prazer
Corpo de sonhos
Alma de criança
Olhar de malícia
Andar de deusa
Jeito de mulher.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Pátria Árida

As lágrimas não falam, não calam, não escutam.
São águas profundas, que brotam do coração.

É como se fosse o sangue, minando da carne;
É como se fosse a alma, abandonando o corpo.

Assim como as lágrimas escorrem no rosto,
Escorrem entre os dedos, as lágrimas do seu coração.

E no teu olhar tristonho, restam as marcas das lágrimas,
Que escorrem pela a pele enrugada;
Pelos ossos descarnados, de um rosto “sertânico”.

E nesse gosto miserável, um amargo profundo,
Gerado no fígado, resto de uma cirrose,
Brindada em Brasília.

Triste cachaça, chamada política.
Triste seca, seca faminta.
Triste maldade, triste Pátria amada.
Desgraçada... Mas amada!

Amada na terra, mesmo quando árida.
Árida no falar, árida no agir.
Árida, completamente árida!

As lágrimas que rolam, são águas profundas,
Que saem do coração,
D’aqueles de pés no chão;
De cabeças chatas;
Das negritudes do morro;
Dos barrigudinhos da baixada;
Dos vermes que por acaso,
São filhos dessa Pátria árida,
Árida, completamente árida.